André Vasconcellos – Diretor Financeiro e RI da Companhia Carioca de Securitização

Uma corrente se torna mais forte quanto mais forte são os seus elos, afirma Andre Vasconcellos

Conheça a história de André Vasconcellos, diretor financeiro e RI da Companhia Carioca de Securitização

Na coluna desta semana, conheça a história de André Vasconcellos Diretor Financeiro e RI da Companhia Carioca de Securitização

Na coluna desta semana, conheça a história de André Vasconcellos Diretor Financeiro e RI da Companhia Carioca de Securitização

Fabiana Monteiro

Publicado em 6 de outubro de 2023 às, 11h58. Coluna #Exame Histórias de sucesso

Em 2008, tomei uma das decisões mais importantes da minha vida ao pedir meu desligamento da Marinha do Brasil para seguir a carreira profissional na iniciativa privada. Aquela não foi uma escolha fácil. Exigiu destemor e coragem, afinal, estavasendo talhado desde criança para exercer aquele papel. Sou filho de um militar da Força Aérea Brasileira (FAB) com uma funcionária pública da Imprensa Oficial do Estado doPará (IOE/PA). Ele nasceu em Duque de Caxias (RJ) e ela em Belém (PA), onde se conheceram e se casaram – e eu nasci em 11 de março de 1987.

Minha formação básica começou na capital paraense, na Escola Tenente Rêgo Barros, instituição militar de ensino da FAB. Depois, quando meu pai foi transferido para o Rio de Janeiro, em janeiro de 2001, sob influência familiar, iniciei os cursos preparatórios dedicados às carreiras militares. Munido deste espírito, em 2003, fui aprovado no concurso para ingresso no Colégio Militar do Rio de Janeiro (do Exército), na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (da Aeronáutica) e no Colégio Naval (da Marinha). Fiz a opção por este último e fui incorporado ao berço da esquadra brasileira.

No Colégio Naval, onde fiquei de fevereiro de 2004 a dezembro de 2006, fui submetido a um processo contínuo e progressivo de educação em regime de semi-internato. Ali fui monitor da disciplina “Instrução Militar-Naval” – proporcionando ao pessoal recémingresso na instituição o conhecimento básico profissional e militar-naval – e participei de diversas atividades náuticas e operacionais desenvolvidas pela esquadra brasileira. Mas não era aquilo que queria para a minha vida. Tinha outros planos que necessariamente não convergiam, naquele momento, com a carreira militar.

Lá fora estava o mundo corporativo e para me encaixar naquele quebra-cabeça precisava de uma boa formação. Fiz então, em 2008, prova para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), conquistando o conceito A em um dos vestibulares mais concorridos do país. Na época, inscrevi-me também para a Faculdade de Economia e Finanças (Ibmec/RJ), onde ganhei bolsa de estudos por ter alcançado o segundo lugar geral. Com o apoio dos meus pais, inclusive financeiro, escolhi o Ibmec. Olhando, hoje, para trás, nada faria de diferente, já que uma diferenciada formação em escola de finanças potencializaria oportunidades profissionais.

Aprendendo a lidar com uma cultura corporativa plural

Logo que comecei o curso de Administração, ingressei também, ainda em 2008, na empresa júnior da faculdade, denominada Ibmec Jr. Consultoria, que me forneceu uma importante visão de negócios sob o prisma dos consultores. Isso me assegurou uma análise crítica muito bem-vinda, especialmente na gestão de projetos e para a promoção de melhoria contínua de produtos e processos empresariais.

Durante a faculdade, assumi também a assistência de ensino na disciplina de Cálculo II, contribuindo com a formação dos universitários cujo papel exerci por sete meses. Nesse momento acadêmico-profissional, a sede de aprender na prática me fez ter a ousadia de entrar em contato com cada um dos escritórios da Organização das Nações Unidas sediados no Rio de Janeiro, consegui agendar algumas visitas e, sem muito pudor, oferecime para trabalhar de forma voluntária como estagiário. E fui aceito. Assim tive o privilégio de me tornar o primeiro estagiário brasileiro do escritório de Assentamentos
Humanos da Organização das Nações Unidas para América Latina e Caribe (ONUHabitat). Aprendi muito com esta experiência com sinergias internacionais, pois consolidou em mim valores como cidadania, respeito ao próximo e à diversidade, assim como senso de urgência e atenção às causas humanitárias.

Nesta agência especializada da ONU (Organização das Nações Unidas), fui alocado na área financeira e de gerenciamento de projetos, dedicando-me, entre outras atividades, ao apoio às equipes de projetos nas ações relacionadas à gestão orçamentária e administrativa. Além de me engrandecer na condição de ser humano, essa experiência desenvolveu em mim alicerces de gestão de projetos e me proporcionou sabedoria para lidar com uma cultura corporativa plural e transnacional. Meu próximo passo foi junto à Vale S.A.: depois de ser aprovado no programa de estágio de uma das maiores mineradoras do mundo, fui alocado na área de Comércio Exterior, que integrava o Centro de Serviços Compartilhados (CSC).

Em 2012, concluí minha graduação em Administração e imediatamente iniciei também no Ibmec/RJ outra graduação, agora em Ciências Contábeis. Esta formação seria de extrema importância para as minhas atividades na Eletrobras, iniciadas em abril de 2011, depois de ser aprovado e convocado em concurso público federal, em que seguiria pelos próximos dez anos. Nesta empresa, aprimorei meu conhecimento técnico nas áreas de finanças, compliance, relações com investidores, governança corporativa e de contabilidade, fator fundamental para as interações com analistas de mercado, acionistas e potenciais investidores, assim como para a elaboração de comunicados, relatórios e
apresentações destinados ao mercado de capitais e à sociedade em geral. Neste ínterim, fiz minha pós-graduação lato sensu em “Direito Societário e Mercado de Capitais”, na Fundação Getúlio Vargas (FGV/Rio). Concluída em 2017, essa especialização agregou um valor ímpar às minhas atividades profissionais na Eletrobras, que, na condição de sociedade de economia mista, é submetida a um complexo arcabouço legal, que necessita ser interpretado e correspondido tempestivamente.

Da Eletrobras para a Prefeitura do Rio de Janeiro

Na Eletrobras, tive importantes responsabilidades ao atuar em atividades estratégicas para a companhia, como: compliance de RI, contemplando follow-up das obrigações legais e regulamentares; suporte no planejamento e operacionalização dos atos societários de aumento de capital, desestatização e desinvestimentos; desenvolvimento do tema ESG (Environmental, Social and Governance); criação e implementação do “Ombudsman de RI”, um sistema de ouvidoria financeira, com foco no mercado de capitais. Mais do que oferecer um pleno atendimento em termos de requisitos legais, o objetivo era valorizar os nossos stakeholders, recepcionando e respondendo a demandas variadas dos agentes
relacionados ao mercado de valores mobiliários; e atendimento às solicitações de entidades, como Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Tribunal de Contas da União (TCU), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), U.S. Securities and Exchange Commission (SEC), New York Stock Exchange (NYSE), Mercado de Valores Latinoamericanos en Euros (LATIBEX) e Brasil, Bolsa, Balcão S.A. (B3).

Em paralelo às minhas atividades na maior empresa de energia elétrica da América Latina, como entusiasta da disseminação de boas práticas, tive a oportunidade de me dedicar em outras iniciativas: como membro do Processo de Normalização em Comitês Técnicos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); diretor técnico, mentor de carreiras em RI, coordenador do grupo “Relações com Investidores de Estatais” e diretor-adjunto para o Rio de Janeiro do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI); e como membro da comissão técnica de “Mercado Financeiro e de Capitais” do
Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP).

O legado construído na sociedade de economia mista e ativismo em importantes agendas do mercado de capitais culminaram no convite para ser cedido à Prefeitura do Rio de Janeiro e assumir o cargo de Assessor Especial da Secretaria Municipal de Coordenação Governamental. E, com a privatização da Eletrobras, sou nomeado Diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Companhia Carioca de Securitização (Rio Securitização), acumulando também a função de Assessor Especial da Companhia
Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPAR), ambas controladas pela gestão municipal da cidade maravilhosa. A missão de potencializar a atração de investimentos nacionais e estrangeiros, fomentar algumas iniciativas que envolvem concessões e parcerias públicoprivadas, aprimorar a governança de estatais municipais, implementar programas de relações de investidores e estreitar laços especialmente com o mercado de capitais foi decisiva para a assunção desse novo desafio profissional na gestão pública.

A organização como um tabuleiro de xadrez

Nada do que construí foi de forma despropositada. Encaro a minha carreira profissional como se estivesse gerindo uma empresa e estruturando sua estratégia com missão, visão e valores. A construção contínua de uma marca pessoal é potencializada pelo fomento ao relacionamento interpessoal e pela forte presença em rede social corporativa. E isso, de alguma maneira, também faz com que eu estabeleça para mim uma visão de curto, médio e longo prazos. Não sei por quanto tempo mais seguirei exercendo meus atuais papéis, só sei que, nesta jornada, mais acertei do que errei, fui bem orientado e tive respaldo de pessoas importantes.

Aprendi muito, mas, ainda assim, gostaria de ter ouvido no meu início de carreira ao menos mais duas dicas. A primeira: “Tenha sabedoria para escolher quais batalhas na guerra você deseja enfrentar”. Algumas dessas pelejas certamente eu teria aberto mão com facilidade. A segunda lição é: “Entenda que uma organização, seja ela qual for, pode ser representada tal qual um tabuleiro de xadrez”. Com o passar do tempo, passei a observar que cada colaborador representa um determinado papel e o exerce de forma singular no “tabuleiro corporativo”, que não está necessariamente associado ao cargo formal que
ele ocupa na organização. É importante identificar com precisão cada peça: quem é o rei, a dama, o peão… Muitas vezes consideramos que o rei, a rainha ou o bispo são aqueles que estão nas funções de liderança, mas não é bem assim. A sabedoria está justamente em fazer a correta identificação de cada peça, pois isso não tem a ver necessariamente com a posição que o colaborador ocupa no organograma funcional. É preciso ter um olhar estratégico, visto que isso pode significar alocar esforços, tempo e até mesmo recursos financeiros de modo mais eficiente dentro daquele contexto corporativo. Acredito que ter a maturidade para entender, refletir e aplicar na vida prática tais conselhos pode impulsionar a carreira de executivos promissores.

Experiência e competência técnica

Uma das principais características que observo atualmente nos bem-sucedidos perfis de liderança é a capacidade de efetivamente delegar, isto é, incentivar o empoderamento de talentos, visando inclusive à formação de novos líderes organizacionais. O processo de delegação é uma das práticas mais sensíveis do ato de liderar, já que necessita de maturidade gerencial para o seu êxito. Dessa forma, o esforço de empoderar deve ser visto como um processo contínuo, gradativo e complexo, respeitando as limitações técnicas e os interesses profissionais de cada indivíduo.

Já me vi submetido a diversas situações em que a delegação de tarefas foi preponderante para a efetividade do trabalho sob minha responsabilidade, seja na Marinha do Brasil, na ONU-Habitat, na Eletrobras e na própria Prefeitura do Rio de Janeiro. Quando recebo uma solicitação de um superior hierárquico e observo que, para o pleno cumprimento de prazos exíguos e atendimento de resultados satisfatórios, é necessária a alocação de outros recursos humanos, avalio quem realmente pode contribuir para o sucesso da referida tarefa. Para isso, levo em conta a experiência profissional, a formação acadêmica, as competências técnicas, as habilidades gerenciais, a disponibilidade para novos desafios e a motivação daqueles com potencial de serem empoderados.

Observo ainda que é preciso realizar periodicamente o planejamento e o monitoramento da execução das atividades delegadas, efetuando eventuais ajustes de acordo com as novas prioridades da gestão, os riscos associados e os entraves observados ao longo das tarefas. Observo ainda que nesse processo de delegação, a confiança e a lealdade devem ser mútuas. De um lado, o outorgante de poder gradativamente passa a confiar em determinado(s) profissional(is) e lhe(s) conferir tarefas mais complexas e críticas para o sucesso do negócio. Do outro, o outorgado ganha confiança em si mesmo e passa a acreditar em sua capacidade de executar com excelência o que dele foi exigido, superando assim as expectativas de seu líder. De fato, o amadurecimento profissional alcançado por aqueles a quem deleguei atividades e respectivo ganho de autoconfiança, associados ao respeito e à admiração mútuas, são, incondicionalmente, os melhores resultados dos processos de delegação de que participei em minha carreira profissional.

Sou um apaixonado por Relações com Investidores

Meu olhar de futuro sempre foi calcado em planejamento, compromisso e disciplina. Tais atributos tendem a fortalecer meus resultados profissionais, já que, como executivo de RI, sou exigido a um contínuo aprimoramento técnico e isso envolve conhecimento não só da minha área de atuação, mas um estudo moderno, especializado e multidisciplinar de temas correlatos à minha carreira. No mercado de capitais, isso é, de fato, fundamental. Eu sou administrador e contador formado pelo Ibmec/RJ, mas vi que era necessário me especializar em Direito. Por isso, fiz minha então especialização em Direito Societário na Fundação Getulio Vargas (FGV/Rio) e, em seguida, dediquei esforços ao mestrado em
Administração na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/Rio), aprofundando reflexões sobre os fenômenos presentes, especialmente no mercado de capitais brasileiro.

A paixão pelo fomento de discussões multidisciplinares e inclusive acadêmicas sobre o tema RI me incentivaram a publicar diversos artigos científicos com destaque para a “Proposta de Modelo de Excelência em Gestão – Uma Nova Visão da Qualidade na Estratégia das Organizações”, apresentado no Congresso Mundial de Administração, assim como assumir as atuais funções de coordenador da Pós-graduação Lato Sensu em Direito e Mercado de Capitais, da Faculdade Verbo Jurídico, e de curador da Pósgraduação Lato Sensu em Relações com Investidores e Governança Corporativa, da
Galícia Educação S.A.

Vale ressaltar que quem visa a admissão na área de Relações com Investidores precisa estar rigorosamente atualizado. Isso implica: (i) conhecer as estratégias organizacionais; (ii) entender o setor, a legislação e a regulamentação aplicável; (iii) compreender as demandas macro e microambientais; (iv) garantir níveis diferenciados de transparência e equidade; (v) identificar continuamente pontos de melhoria nos processos e nas rotinas corporativos; (vi) maximizar o bem-estar dos recursos humanos submetidos a uma interação direta ou indireta; e (vii) zelar pela tomada de decisão assertiva, maximizando o valor aos acionistas e conciliando com os interesses dos demais stakeholders corporativos.

É preciso também se mostrar continuamente aberto ao diálogo; ser resiliente, comunicativo e adaptável a mudanças; assim como ter capacidade de celebrar boas relações interpessoais. Dessa forma, para atender tais exigências e superar os desafios profissionais dessa carreira, exige-se que o profissional de RI seja apaixonado pelo que faz e fiel na busca de se tornar diariamente a melhor versão de si mesmo. Parece muito, mas tudo isso que listei é apenas um pacote básico, mas fundamental, que atende aos
anseios de um mundo corporativo constituído por relações complexas e dinâmicas.

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Editora Global Partners

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